sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

SEGURO-DEFESO, O QUE ESTÁ REALMENTE ACONTECENDO?

Cerca de 60 pessoas da Ilha da Torotama se reuniram no dia 8 de dezembro de 2011, na maioria mulheres, para ouvir a respeito de sua própria situação. Qual o real lugar ocupado pela mulher na pesca artesanal.
Com a colaboração do NUDESE e do vereador Claudio Costa (PT) o AJUPESCA foi até a Ilha na tarde de quinta-feira para discutir quais os deveres e direitos da mulher perante o seguro-defeso.

         Utilizaremos esse espaço no blog para repassar tudo que foi dito às pescadoras e que tanto lhes chamou atenção.

         O QUE ESTÁ ACONTECENDO?

Apesar de conhecida a situação de vulnerabilidade do pescador artesanal hoje em dia, ainda assim há maneiras de fragilizar e marginalizar a categoria que é frequentemente alvo de enganos, fraudes e negações.
         Dessa vez o problema acontece na cidade de Rio Grande pelo Ministério do Trabalho. O órgão no ano de 2011 passou a não disponibilizar o seguro-defeso às mulheres, para as quais o benefício é de direito.
         Dentre várias desculpas que não tem enquadramento legal, uma das justificativas do Ministério do Trabalho para agir da maneira que têm agido é afirmar que a mulher não exerce a atividade pesqueira, tendo em vista que não vai ao mar.
         Ora, sabemos que não só não podemos nos prender à romântica visão de que pescador é apenas aquele que vai ao mar buscar o pescado, como também não podemos nos prender a dispositivos que estejam abaixo da lei, como a resolução do CODEFAT que o Ministério abraça.

         O QUE DIZ A LEI?

         Partindo de uma linha do tempo temos a Lei do Seguro Defeso (lei 10.779/2003) que já passou a tratar a pesca como ATIVIDADE PESQUEIRA, denominação que é realmente pertinente. A mesma lei já fala também em regime de economia familiar, o qual é caracterizado pela mesma como indispensável para a subsistência daqueles que da pesca vivem.
         A divergência está no conceito de pesca e atividade pesqueira, na própria Lei da Pesca (lei 11.959/2009) a mesma se enquadra como “toda operação, ação ou ato tendente a extrair, colher, apanhar, apreender ou capturar recursos pesqueiros.” Já a atividade pesqueira está no Art. 4º que diz que a mesma “compreende TODOS os processos de pesca, explotação e exploração, cultivo, conservação, processamento, transporte, comercialização e pesquisa dos recursos pesqueiros. Parágrafo único. Consideram-se atividade pesqueira artesanal, para os efeitos desta Lei, os trabalhos de confecção e de reparos de artes e petrechos de pesca, os reparos realizados em embarcações de pequeno porte e o processamento do produto da pesca artesanal.
         Partindo dessa visão não se vê possibilidade nem maneira de não conceder esse benefício à mulher, afinal, ela faz parte do regime de economia familiar, enquadra-se nos requisitos da atividade pesqueira artesanal, logo, é uma trabalhadora da pesca.
         Para deixar de beneficiar a mulher com o seguro que lhe é de direito, o Ministério do Trabalho de Rio Grande se baseia em uma Resolução do CODEFAT nº 657/2010 (“MTE"). É nessa Resolução, que apesar de tornar legítimos os termos como economia familiar e atividade pesqueira, consta que §2º Para concessão do benefício, entende-se como pesca a CAPTURA para fim comercial, da espécie objeto do defeso.”
         Ocorre que não se pode tomar decisão de tamanho impacto social baseando-se em uma simples resolução do Poder Executivo, que como todos sabem encontra-se abaixo do poder exercido por uma lei, a qual existe e deve ser respeitada.
Dessa maneira não se trata apenas de um erro deixar de conceder o seguro-defeso à mulher, mas de fraude, pois nega-se o que é de direito àquelas que exercem a atividade pesqueira sendo o meio desta. O trabalho das mulheres está entre a captura e a comercialização, como dito pelo próprio ex-presidente Lula: “Por exemplo, uma mulher que conserta redes de pesca, terá os MESMOS DIREITOS dos pescadores”.
Recentemente uma decisão favorável à concessão do benefício foi deferida na nossa cidade, é o início de um processo que deve compreender milhares de pescadoras riograndinas que se encontram na mesma situação. Segundo o juiz que proferiu a decisão, como consta em sua sentença: “...a colaboração da mulher em tarefas de apoio à pesca exercida em regime de economia familiar, (...) é essencial à subsistência de todo o grupo nela envolvido.”
        
PARA A RESOLUÇÃO DESSES CONFLITOS PRECISAMOS UNIR A COMUNIDADE PESQUEIRA!
É NECESSÁRIO MOBILIZAR AQUELES QUE PENSAM EM GÊNERO DE UMA FORMA CONSCIENTE!

PARA ISSO HAVERÁ UM SEMINÁRIO QUE REUNIRÁ TODOS OS ÓRGÃOS REFERENTES À PESCA. SERÁ NESTA SEGUNDA-FEIRA (12 DE DEZEMBRO) NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO!

Esperamos todos lá,
Michele Castro

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

XI Iberoamericano de Extensión

 
        Durante os dias 22 e 25 de janeiro, eu, Michele, bolsista do AJUPESCA, me juntei à coordenadora do Projeto, Elisa Celmer e fomos viajar rumo a Santa Fe, Argentina! A viagem foi em virtude da aprovação de um dos nossos artigos no  XI Iberoamericano de Extensión. Fomos até Santa Fe com o ônibus da UFPEL cheio de extensionistas de lá, a troca de ideias e experiências foi maravilhosa. Durante nossa apresentação, no dia 24, ficamos em uma banca que tinha muitos trabalhos brasileiros, com quem também pudemos aprender e trocar saberes extensionistas. USP, UFPEL, UFSC, UNL, são apenas algumas das Universidades com as quais conseguimos compartilhar experiências. Abaixo algumas fotos da viagem!
Apresentação do trabalho

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

AJUPESCA no programa Paralelo 30

Hoje (7-10-11) o AJUPESCA participará do programa paralelo 30 na rádio FURG FM, para falar sobre seu trabalho com os pescadores artesanais, e divulgfar seu trabalho para o público interessado. Não perca!

Lílyan Nascimento
Bolsista

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Lembrete Reunião CEPERG dia 5-10

Lembrando que nesta quarta-feira, dia 5 de outubro, acontecerá a reunião mensal do grupo de estudos da pesca de lance de praia do CEPERG/IBAMA. Começa as 14h no cc-mar, e o tema deste mês é petrechos de pesca e caracterização do modo de pesca.

(Lílyan Nascimento - bolsista do AJUPESCA)

Reunião na Associação APESMI

Neste sábado, 1º de outubro, o AJUPESCA e o NUDESE assessoraram a Associação de Pescadores da Vila São Miguel (APESMI) em Assembléia Extraordinária, explicando a responsabilidade e os deveres dos associados constantes no Estatuto Social. A pauta foi a avaliação da obra do entreposto e informes gerais. Além disso, nesta semana a coordenação administrativa começará a publicizar o edital para a próxima Assembléia Extraordinária, que tratará de demissão de associados e admissão de novos associados. Dentre esses novos associados que serão admitidos estão as mulheres trabalhadoras da pesca, que no momento de constituição da Associação não foram contempladas na lista de associados, mas agora ficou claro que seu trabalho somará, e ajudará a solidificar o grupo.

(Lílyan Nascimento - bolsista do AJUPESCA)

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Nasce uma Associação

Uma das metas do AJUPESCA é a emancipação social, emancipação principalmente do pescador artesanal, figura que historicamente deixa de ter privilégios na sociedade. Os pescadores artesanais da Lagoa Mangueira demonstram interesse em formar uma associação desde meados de 2004, segundo os mesmos, sabendo disso foi preparado pelo NUDESE(Núcleo de Desenvolvimento Social e Econômico), nossa origem, um curso sobre associativismo na comunidade de Santa Vitória do Palmar. Com o curso que teve vários encontros, o grupo de pescadores se mostrou ainda mais entusiasmado em se transformar em APELMA- Associação de Pescadores da Lagoa Mangueira, fazendo com que a presença do AJUPESCA passasse então a ser necessária.
 Por isso, no dia 26 de setembro de 2011 nosso Projeto foi até Santa Vitória do Palmar realizar a aprovação e discussão do Estatuto da Associação, o que a legitimaria. Foram cinco horas de muito trabalho, explicando e discutindo com os pescadores cada um dos artigos que o Estatuto deveria conter, a participação de todos foi essencial. Ficamos orgulhosos em dizer que tudo se encaminha para que Santa Vitória passe agora a contar com uma Associação de Pescadores Artesanais, deixando de lado a figura do atravessador do peixe, tendo condições de manutenção própria e um crescimento cada vez maior. O que nos deixa mais felizes, porém, é saber que somos apenas uma pequena ferramenta usada pelos pescadores para que isso ocorra, sem a manifestação do povo, sem suas contribuições e principalmente, sem sua vontade de ser autossuficiente nada seria possível. A seguir fotos da reunião.




Estatuto Pronto, hora de assinar







Michele Castro- bolsista do AJUPESCA

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Participação do AJUPESCA no programa Paralelo 30 da rádio FURG-FM

O AJUPESCA participará do programa Paralelo 30, que irá ao ar hoje (12-9) às 11 horas da manhã pela Rádio FURG-FM.

O assunto é o seguro defeso das pescadoras artesanais da região sul, caso polêmico em que o Ministério do Trabalho cortou o seguro das mulheres, após anos em que tanto os pescadores quanto suas esposas receberam.


Lílyan Nascimento