Quando percebemos, ao final do curso, nos enxergamos como parte de alguma corporação, como a categoria dos advogados, ou servidor público que representa o Estado. E essas limitações profissionais se estendem a tal ponto, que nem conseguimos questionar os fundamentos disso. Sim, com que agressividade não reagimos quando alguém questiona o que nos move, o que pensamos que dá sentido à nossa vida? Temos sempre respostas muito elaboradas, baseadas em leis e argumentos de doutrina.
Por isso penso que o segredo para uma assessoria jurídica é a constante sensibilização. O constante confrontamento de realidades, que causa bastante desconforto. É difícil permanecer num curso onde chega-se a tal ponto de racionalização que já nem conseguimos mais ver a vida ali. É difícil fugir, no direito, da categorização da vida. E é difícil pensar nessa categorização quando estamos com sede de vida.
A assessoria precisa sempre deixar o estudante em um local de desconforto. O mais difícil é manter a capacidade resistir às insensibilidades sem torná-las naturais. Geralmente, para não nos machucarmos, nós entulhamos o que nos causa dor, escondemos de todos ou naturalizamos aquilo de tal maneira que nem pareça mais dor. Na assessoria, é preciso constantemente lembrar do que nos causa dor, e mesmo assim resistir...
Aproveitando a oportunidade, vou passar o link de um vídeo que me fez pensar na advocacia e na resistência à naturalização do absurdo: http://assessoriajuridicapopular.blogspot.com/2011/08/prisao-de-advogado-do-movimento-popular.html (vídeo: http://tvt.vflow.tv/api/iframe/?idContent=5972&width=480&height=375#.TkfzSiGtLNg.blogger)
E proponho uma reflexão da palavra "desacato" e "despejo". No contexto da (i)lógica jurídica faz sentido o que aconteceu, mas.. será que estudamos para legitimar isso?
Lílyan Nascimento
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